Benefícios do Tiro com Arco para seniores

No país em que reina o futebol, o tiro ao arco é mais um desporto invulgar, mas repleto de benefícios para os seus praticantes, benefícios esses que não são reconhecidos pelo senso comum no dia-a-dia das pessoas. Mas a verdade é que a prática de tiro com arco fortalece toda a parte superior do corpo, e queima cerca de 277 calorias por hora. Oferece toda a competitividade de um desporto olímpico e para além disso é um excelente hobbie para qualquer pessoa de qualquer idade, desde que tenha as condições físicas necessárias para utilizar a parte superior do corpo.

Apesar dos arcos serem adaptados ao arqueiro, certifique-se junto de um médico ou de um clube de que tem todas as condições físicas indicadas para poder praticar o desporto em segurança. Quando experimentar vai ser difícil parar, e quem sabe não poderá vir a ocupar o pódio nuns jogos olímpicos.

O tiro com arco é um desporto que lhe dá benefícios físicos, psicológicos e sociais.

Físico: Disparar uma seta não é tão fácil como pode parecer, pelo menos para fazê-lo em condições. Para além de toda a técnica associada, puxar a corda do arco requer força física de praticamente todos os músculos da parte superior do corpo. Braços, peito, ombros e costas vão todos trabalhar em conjunto e coordenadamente num esforço semelhante ao levantamento do peso. Esse esforço é mantido durante alguns segundos enquanto o arqueiro prepara o disparo da forma mais precisa possível. A constante repetição dos movimentos de disparo irão desenvolver praticamente todos os grupos musculares da parte superior do corpo.

Equilíbrio: Este é um factor fundamental no tiro com arco. Enquanto o atleta mira e dispara, todo o seu corpo deve estar estabilizado e em equilíbrio. Praticar este desporto ajuda-o a ganhar controlo no seu equilíbrio enquanto se mantém concentrado no disparo e quanto mais pratica mais os seus músculos se vão habituar a mantê-lo firme.

Coordenação: O tiro com arco exige que vários membros do corpo e várias funções motoras trabalhem em conjunto. A mão, o braço, o olho, as costas, a barriga, os ombros, a respiração, tudo tem de estar em perfeita sincronia para que o tiro possa sair preciso. Quanto mais praticar este desporto melhor será a sua coordenação motora, o que resultará num melhor controlo do seu arco. Estes benefícios irá senti-los também noutras actividades que exijam trabalhos e coordenação manual.

Caminhada: Durante o treino, se dispara as setas ao alvo, também terá de ir busca-las para que possam ser reutilizadas. Tendo em conta que as distâncias da prática deste desporto variam entre os 30 e os 90 metros que separam o arqueiro do alvo, se somar todas as vezes que vai buscar as setas e volta, andará qualquer problema 1km por sessão de treino. E aqui, os benefícios acumulados serão os equivalentes aos da caminhada normal, melhoria cardiovascular, tonificação muscular das pernas e a quantidade de calorias gastas. Também estes pequenos detalhes contam, que acumulados não são tão pequenos quanto isso.

Concentração: É indispensável para atingir o alvo com precisão. Com a prática, o arqueiro desenvolve a capacidade de se focar naquele que é o seu objectivo, o alvo. Quanto maior for o nível de concentração no alvo, mais vazia fica a mente resultando numa sensação de bem-estar. Esta capacidade irá ajudá-lo também a evitar stress e distracções nas outras actividades do seu dia-a-dia.

Auto-Confiança: Muitas vezes a auto-confiança é um resultado da competição, com outros e acima de tudo consigo mesmo. Através do desporto fica com uma noção das suas capacidades atuais, e estas estimulam-no a superar-se a si próprio. A auto-superação dá-lhe confiança e autoestima, essenciais para uma vida com qualidade.

Ausência de Estereótipos Privilegiados: Existem certos desportos que, para pessoas que têm determinados atributos físicos e biológicos, como é o caso da altura no basquete, ganham vantagem competitiva em relação às outras pessoas. No tiro com arco isso não se verifica. Neste desporto ganha aquele que tiver mais focado e maior pontaria, e por isso mesmo é normal assistirmos a competições com participantes em cadeira de rodas ou com mobilidade reduzida que não são discriminados por isso, competindo contra aqueles que não o são.

Vida Social: Este é um factor transversal a quase todos os desportos, e no tiro com arco não é diferente. Irá conhecer pessoas novas e diferentes e vai com certeza causar um impacto positivo na sua vida social. Estabelecer novas amizades é sempre uma mais-valia.

Em Portugal existem vinte e duas pessoas federadas com mais de 55 anos que praticam tiro com arco. Desses 22 atletas, dezanove são homens e 3 são mulheres, correspondendo a 9,2% da totalidade de atletas federados em Portugal nesta modalidade.

É um desporto que traz imensos benefícios e quase não impõe barreiras físicas.

Breve História da Modalidade

Como se pode imaginar, o tiro com arco é uma das modalidades mais ancestrais da humanidade. Só para podermos ter uma ideia, o primeiro arco de que há registo remonta a 2800 a.c, produzido pelos Egípcios. Naturalmente era um arco bastante arcaico, em forma de “C” e a corda do arco era feita com intestino de ovelha, muito longe do que toda a tecnologia consegue oferecer-nos hoje em dia. Claro que o seu propósito inicial e durante milhares de anos foi como arma de caça e de guerra, e ainda hoje para isso é utilizado em algumas tribos. No entanto, para se atingir a perícia dos grandes arqueiros militares, como eram os arqueiros das civilizações egípcias e romanas eram preciso alvos para praticar, e da prática passou ao desporto, sendo um dos desportos favoritos dos antigos faraós da 18ª dinastia (1567 – 1320 a.c). Alguns séculos depois, na China aparecem os primeiros registos de torneios de tiro com arco, durante a dinastia Zhou. A primeira vez que o tiro com arco foi uma modalidade olímpica foi em 1900, e foi assim de 4 em 4 anos até 1920, a partir do qual a modalidade esteve ausente durante 52 anos. Em 1972 voltou a ser modalidade olímpica e manteve-se assim até aos dias de hoje. Hubert Vann Innis detém o record de atleta mais medalhado da modalidade. O belga competiu em 1900 e em 1920, ganhando 6 medalhas e ouro e 3 de prata.