José Marques, Pépito para quem o conhece, tem 69 anos
e umas mãos criadoras de peças de madeira magníficas. Reformado há mais de
quinze anos, tem aproveitado o tempo livre que a reforma lhe deixou para
adquirir novos conhecimentos e a fazer aquilo que lhe dá mais gosto,criar.
José Marques é um homem que nunca soube o que era estar
parado. Começou a trabalhar com 11 anos e são vários os empregos que fazem
parte do seu currículo. Era uma criança que gostava de andar livre e para
evitar demasiada liberdade, cedo os seus pais lhe arranjaram trabalho. “Antes
de começar uma carreira séria tive vários empregos em diversas áreas. Comecei
por tomar conta de calçado na rua, depois fiz mosaicos e cortiça. Mais tarde
fui aprender o ofício de barbeiro, depois trabalhei num café e então fui
trabalhar para a CUF. Trabalhava de dia e estudava à noite, estava a tirar o
curso de carpinteiro”.

Mas quando o dia da reforma chegou, “Pépito” sentiu um vazio por não saber o que fazer com tanto tempo que agora lhe restava. “Foi uma altura difícil, ao início o primeiro e o segundo mês são férias, mas depois comecei a sentir-me vazio por não ter nada para fazer. Então comecei a perguntar se precisavam de portões e janelas em alguns locais sem cobrar nada em troca, ao menos estava ocupado”.


As suas peças e o seu talento começaram a não passar
despercebidos aos olhos dos outros. Foi então que os convites para exposições
começaram a surgir. “Fui convidado para várias exposições mas dava muito
trabalho levar todas as peças para um local, sendo estas bastantes frágeis.
Fazia as exposições porque me convidavam, mas chegou uma altura que decidi
parar de expor.”

Das suas peças podemos realçar a beleza dos moinhos, aos pormenores das carroças e coches, aos violinos e violas que primam pela perfeição. Mas das inúmeras peças, nunca quis vender nenhuma, preferia oferecer às pessoas que conhecia. “Fiz muitas peças em madeira, umas ainda estão comigo aqui em casa ou na garagem. Aqui tenho alguns moinhos, a família em madeira composta por um violino, uma viola, um violoncelo e um contrabaixo e outras peças que fui fazendo para a decoração da casa. As outras ofereci-as, fiz um coche muito bonito, todo feito e pintado à mão, mas o meu neto gostou tanto que ficou com ele”.
Mas não foi só em madeira que “Pépito” criou algo marcante,
a sua obra em ferro baptizado como o “Baile das porcas” é inesquecível devido à
complexidade dos elementos que a constituem. “Um dia tive uma ideia de criar
com porcas e parafusos uns bonecos que estavam a tocar e a dançar num baile,
não sabia que nome havia de dar, então uns amigos meus baptizaram-na como baile
das porcas e assim ficou”.
Hoje em dia José Marques deixou a madeira para trás e
dedica-se de corpo e alma ao Teatro. (Para continuar a ler a reportagem, descarregue aqui a 4ª edição).
As criações de “Pépito"
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