Os nossos leitores mais assíduos já sabem o imenso valor que a
REVIVER dá ao trabalho das Universidades Seniores. Nesta edição procurámos
conhecer melhor a Universidade Sénior de Almada (USALMA) e a sua participação
no projecto internacional “Playing For Learning” (PLALE). Reconhecida pelo seu
excelente trabalho, a USALMA foi a sequência lógica da fundação da Associação
de Professores do Concelho de Almada. Segundo Jerónimo Matos, director da
Universidade “uma
Associação de Professores é uma bolsa de cultura, ciência e pedagogia que foi
adquirida no sentido da sua transmissão à sociedade”. Em 2006, a criação de uma
Universidade Sénior foi uma das formas que a Associação encontrou de contribuir
para a evolução da sociedade e do concelho. Jerónimo Matos realça o valor de
todos os professores voluntários que tornam tudo isto possível. “A emergência do ensino sénior só foi possível pela onda de
solidariedade dos professores que, em regime de voluntariado, são hoje suporte
principal das cerca de três centenas de academias/universidades seniores em
todo o país. É uma manifestação de civismo solidário que é justo realçar”.

A USALMA não se limita aos métodos tradicionais
de ensino, procurando métodos de trabalho inovadores e divertidos, oferecendo
aos seus alunos um leque de actividades diversificado e dinâmico. Para além de
colóquios, conferências, ou visitas de estudo e almoços de convívio, a
Universidade dá também um grande valor às artes. Desde a pintura e fotografia,
à escrita, música e teatro, a USALMA procura dar todas as condições para que os
seus alunos possam desenvolver-se pessoal e socialmente.
Um dos melhores exemplos desse trabalho da
Universidade Sénior de Almada é o Projecto “Playing For Learning” (PLALE). A
REVIVER foi acompanhar um dos seus ensaios.
Playing For Learning
Chegámos de manhã cedo à Igreja Paroquial de
Almada, já os ensaios do PLALE decorriam, encenados por Carlos Melo e
supervisionados pela coordenadora do projecto, a professora Lurdes Cruz, que
nos recebeu com um sorriso. No palco imperava a língua francesa, mas era em
português que Carlos Melo orientava os atores. Enquanto nos instalamos para
assistir ao ensaio, Lurdes Cruz explica-nos tudo aquilo em que consiste o
PLALE. “Trata-se de um projeto internacional, em que
sete países, durante dois anos, têm posto em prática um trabalho colaborativo e
reflexivo sobre os benefícios da introdução de práticas teatrais no
ensino-aprendizagem de línguas não maternas” explica-nos a professora.
Neste projecto Portugal é apenas representado pela Universidade Sénior de
Almada. Os outros países envolvidos são a Espanha, França, Itália, Alemanha,
Roménia e Suécia.
De facto, este é o primeiro projecto em que a
USALMA participa no âmbito do programa Aprendizagem
ao Longo da Vida – Parcerias de Aprendizagem Grundtvig. “Através da disseminação dos resultados alcançados, poder vir
a encorajar mudanças metodológicas e didáticas que revertam a favor de uma
apropriação mais eficiente e prazenteira de línguas estrangeiras” é um
dos objectivos do PLALE diz-nos a Coordenadora do Projecto, Lurdes Cruz. Entretanto
a peça vai decorrendo, e o enredo transmite bem tudo aquilo que o projecto
representa. Em palco, Maria de Fátima Rita, representa o papel de uma severa
professora de francês, que se mostra intransigível aos novos métodos de ensino
exigidos pelos alunos. Curiosamente, Maria Fátima Rita representa o papel que
desempenha na USALMA, pois também é professora de francês na Universidade
Sénior de Almada.

envolvente em que os diversos atores em
jogo se descobrem e descobrem a nova língua”., diz-nos a Lurdes
Cruz, que para além de coordenar o projecto é também professora de inglês e
alemão. Segundo a própria, o PLALE incita à aprendizagem porque estas práticas
teatrais quebram rotinas e barreiras e tornam cada aula diferente da anterior,
estimulando assim a criatividade e a participação dos alunos. Entretanto no
palco os alunos revoltam-se contra os métodos de ensino tradicionais da
intransigente professora de francês e organizam uma manifestação. Logo a cena
passa de uma sala de aula, para outra potencial situação do dia-a-dia, o
agendamento de quartos num hotel na cidade onde se irão manifestar. Nesta fase,
a maior parte do ensaio é ainda feita em português, até que os atores consigam
decorar as várias cenas da peça e interpretá-la sequencialmente, para depois
adaptá-la para as diferentes línguas estrangeiras.
Para além de atores, os alunos que participam no
Projecto PLALE são também os guionistas das peças, e segundo a professora
Lurdes Cruz “trata-se de uma estratégia que favorece o
estreitar da relação no grupo, fomentando “o convívio, a camaradagem, a
entreajuda, a empatia, a amizade, enfim o bem-estar e o à vontade”. A
peça que estavam a ensaiar irá integrar uma peça conjunta, que resultará da
junção de várias cenas que cada país criar para exibirem em Bacau na Roménia.

Quanto à Universidade, o director Jerónimo Matos
garante que não vai estagnar. No próximo ano lectivo, em Outubro, irão
inaugurar uma nova sede, num edifício requalificado no centro histórico de
Almada, com todas as condições e recursos para um ensino adequado.
Representar para Aprender na USALMA
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10:34:00
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