Todos nós já ouvimos falar quem alguém sofreu um AVC. Mas será que
temos consciência que neste momento é a principal causa de morte em Portugal? No
nosso país, a cada hora, 6 portugueses sofrem um AVC. Talvez pelos números
assustadores, esteja na altura de prestarmos a devida atenção sobre este tema,
e percebermos como podemos prevenir ou agir perante um acidente vascular
cerebral. A REVIVER explica-lhe tudo aquilo que precisa saber.
O que é um AVC?
É um Acidente Vascular Cerebral
que ocorre quando o fornecimento de sangue para uma parte do cérebro é
impedido. O sangue leva até ao cérebro nutrientes e oxigénio, sem estes as
células cerebrais correm o risco de ficar danificadas, acabando por não
conseguirem desempenhar as suas funções. Sendo o cérebro a controlar todo o
nosso corpo e a mente, uma lesão neste pode afectar desde os movimentos dos
membros até aos mais simples processos mentais, como pensar, aprender, sentir
ou comunicar. Um AVC surge de forma repentina e os efeitos causados por este no
corpo são imediatos.
Quando falamos de AVC´s é comum
ouvirmos a designação de “enfarte cerebral”. Um enfarte cerebral ocorre após
existir um AVC que causou a morte de um tecido cerebral, a área do tecido pode
ser pequena ou ocorrer numa parte maior do cérebro.
Os principais tipos de AVS´s
Sem querermos complicar muito,
existem dois tipos principais de AVC´s, o Isquémico e o derrame. O mais comum é
o Isquémico.
Isquémico: Acontece quando um coágulo bloqueia a artéria que
transporta o sangue para o cérebro. Normalmente acontece por três razões, uma
trombose cerebral, uma embolia cerebral ou um bloqueio nos pequenos vasos
sanguíneos da parte mais profunda do cérebro.
Derrame: Acontece quando um vaso sanguíneo rebenta, causando uma
hemorragia no cérebro. É designado por AVC Hemorrágico. Acontece quando um vaso
sanguíneo rebenta dentro do cérebro ou quando um vaso sanguíneo na superfície
do cérebro sangra para a zona entre o cérebro e o crânio.
Como detectar através dos sintomas um AVC?
Como referimos anteriormente, um
AVC é repentino e é necessário perceber os sintomas para proceder o mais rápido
possível. Esteja atento/aos seguintes sintomas:
- Paralisia, fraqueza ou dormência de um lado do corpo. Qualquer um
destes sintomas pode ser analisado num braço, parte inferior da pálpebra
descaída, boca torta e salivante ou na perna.
- Fala arrastada, dificuldade em manter um discurso percetível ou
encontrar palavras.
- Perda de visão ou visão subitamente enublada.
- Confusão, instabilidade, forte dor de cabeça.
Segundo a Associação AVC pode
fazer um simples teste para ajudar a reconhecer se uma pessoa teve um AVC ou um
Ataque isquémico transitório, também conhecido como mini-AVC.
Fraqueza Facial: Veja se a pessoa consegue sorrir ou se tem a boca
ou um olho caído.
Fraqueza no braço: Verifique se a pessoa consegue levantar os
braços.
Problemas de Expressão: A pessoa consegue falar com clareza e
entender o que lhe dizem?
Se verificar alguns destes
sintomas ligue imediatamente para o 112. Se reconhecer algum destes sintomas
mas desaparecer nas próximas horas, pode ter ocorrido um mini-AVC, deve levar a
pessoa para ser sujeita a uma avaliação médica urgente.
Saiba quem tem um maior risco de sofrer um AVC
Qualquer pessoa, em qualquer
idade, pode vir a sofrer de um AVC sem causa aparente. Mas existe um risco mais
acentuado consoante alguns factores, como por exemplo:
- Antes dos 75 anos, os homens
sofrem mais AVC do que as mulheres.
- Após os 55 anos de idade o
risco aumenta. Isto porque as artérias endurecem e ficam incrustadas pela
acumulação de colesterol e aterosclerose formados com o passar dos anos.
- Histórico familiar com registo
de AVC´s. Ao ter familiares próximos que tenham sofrido de um AVC é caso para
estar mais atento, pois a pressão arterial elevada e a diabetes tem a tendência
a manifestarem-se em gerações seguintes.
-Condições Físicas que não são tratadas: Problemas de
hipertensão, doenças de coração e Fibrilação atrial ou ainda diabetes, com o
passar dos anos podem danificar as artérias. Este problema é um factor comum em
pessoas que sofreram um AVC.
Como prevenir um AVC
Existem factores de risco que não podemos controlar. No
entanto existem outros que estão ao nosso alcance e passam apenas por adoptar
um estilo de vida mais saudável e ativa.
- Se fuma é muito
importante que deixe de fumar. Não importa há quantos anos é fumador,
quantos cigarros fuma por dia, o que importa é a sua força de vontade em parar.
Ao deixar de fumar está a diminuir o risco para metade em sofrer um AVC.
- Evite consumir
bebidas alcoólicas em excesso. Para sermos mais claros, consumir mais de 4
cervejas ou copos de vinhos (tamanho normal) em seis horas aumenta rapidamente
a pressão arterial. Não existe nenhum problema em beber um copo ou dois de
bebidas alcoólicas ocasionalmente, mas não faça disso uma rotina.
- Opte por uma alimentação saudável. Por dia comece a comer 5
porções de frutas e vegetais, isto irá traduzir-se em aproximadamente 400
gramas de fruta e vegetais. Deixe a carne vermelha de parte e comece a ingerir
mais carne de aves sem pele, peixe ou até alimentação vegetariana. Assim evita
ingerir muita gordura saturada, o que torna as paredes das artérias mais
grossas. Outra medida que deve adoptar na sua alimentação é retirar o sal da
sua comida, este eleva a sua pressão, e hoje em dia existem várias soluções
para substituir o sal bem mais saudáveis. É muito importante ingerir alimentos
com mais fibras, pois estas ajudam a controlar os níveis de gordura no sangue.
Na hora de escolher, opte por produtos integrais. Troque as manteigas e
margarinas por óleos vegetais.
- Comece a fazer exercício físico
e a ter uma vida mais ativa. O exercício físico regular ajuda a baixar a tensão
arterial, a equilibrar o organismo e a melhorar a capacidade do corpo lidar com
a insulina. O mais importante é escolher uma actividade que goste e se sinta
bem a fazer, depois comece devagar, se não está habituado a fazer exercício
comece com 15 minutos e gradualmente aumente para 30 m. Se fizer estes 30
minutos de segunda a sexta já está a reduzir significativamente os riscos de um
AVC. Mude a sua rotina diária, e os resultados serão ainda melhores. Por
exemplo, comece a andar mais a pé, desça as escadas em vez de usar um elevador,
quando anda de autocarro ou metro, saia numa paragem antes e vá o resto do
caminho a pé. Vai sentir-se com mais folgo, com mais resistência e numa boa forma
física.
- Controle a pressão arterial regularmente e esteja atento
aos níveis de colesterol. É importante fazer exames médicos todos os anos, pode
prevenir inúmeros problemas de saúde. O stress e as depressões também podem ser
factores de risco, por isso não hesite procurar ajuda de um profissional se o
seu médico ou você próprio achar necessário.
O que fazer após ter sofrido um AVC?
- O mais importante num caso
destes é chegar o mais rápido possível a um hospital. A rapidez com que um AVC
é detectado e cuidado por especialistas pode salvar uma vida.
- Realização de todos os exames
necessários no hospital. É necessário medir a pressão arterial e administrar
medicação para estabilizar nos estádios iniciais após um AVC. É importante
fazer um electrocardiograma, análises ao sangue, fazer um TAC ou uma
Ressonância Magnética. Após estes exames é natural que seja sujeito a um teste
de deglutição e outros exames ao coração e às artérias sanguíneas. Por esta
altura podem ser administrados alguns medicamentos que tornam o sangue menos
viscoso e impedem a formação de coágulos.
Que tratamentos são feitos na reabilitação de uma pessoa que sofreu um
AVC?
A reabilitação tem como principal
objectivo ajudar a recuperar a sua independência, a reaprender algumas
capacidades perdidas e saber gerir as deficiências permanentes. Os tratamentos
usados nesta fase de reabilitação são:
- Fisioterapia: Com o objectivo
de melhorar o movimento, resolver problemas de equilíbrio, paralisia ou
fraqueza muscular. Ensinar e certificar-se que a pessoa consegue sentar-se e
movimentar-se com segurança e deitar-se e sentar-se numa posição correcta.
- Terapia da fala: Irá ajudar a
obter soluções para os problemas de deglutição, auxiliar na comunicação e se
necessária voltar a ensinar a falar, ler e escrever.
- Nutricionista: Ao sofrer um AVC
pode existir dificuldades em engolir, ter perdido o apetite, estar abaixo do
peso ou ter diabetes. A função da nutricionista é criar a dieta mais adequada e
segura para o seu paciente, segundo as suas necessidades.
- Terapia Ocupacional: Deve
ajudar a pessoa a conseguir fazer as suas tarefas diárias novamente, como
vestir-se, lavar-se e usar a casa de banho. Aconselhar a pessoa, se necessário,
sobre equipamentos úteis que melhorem a sua vida.
- Para além destes especialistas
recomenda-se a ida a um Oftalmologista e a um Psicólogo Clínico. Nestas alturas
é muito importante o acompanhamento e suporte emocional por parte dos
familiares e uma visão positiva da pessoa. Lembre-se que cada caso é único.
Acidente Vascular Cerebral – Saiba tudo sobre a principal causa de morte em Portugal
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