António Fonseca foi trabalhar com 17 anos na mercearia da
rua … no bairro de Campo de Ourique. Hoje com 85 anos continua a manter a porta
aberta para aqueles que ali passam. Confessa que nos dias que correm o seu
negócio já não dá lucro, mas continua a mantê-lo ativo, o que é fundamental na
sua idade.
Nasceu na Beira Alta mas cedo veio morar para a capital. Foi
no tempo do racionamento que António chegou àquela mercearia para trabalhar. De
empregado para sócio, até ficar como único proprietário passaram vários anos,
mas o seu momento acabou por chegar. Já teve empregados, contudo hoje trata de
tudo sozinho apenas com a ajuda da sua mulher. “Levanto-me às seis horas da
manhã todos os dias e deito-me por volta das onze da noite. Quem tem um negócio
destes tem sempre o que fazer, é como uma dona de casa. Eu tenho que ir buscar
os produtos para a mercearia, fazer limpezas, colocar tudo para exposição e
atender os clientes. A minha esposa vai comprar algumas coisas que faltam e
ajuda-me por vezes a atender os clientes”.
O Sr. António confessa-nos que existem muitos clientes que
ficam espantados com a sua energia e força com aquela idade. “As pessoas ficam
parvas quando eu carrego 40 kg, mas eu estou habituado, ninguém o faz por mim.
E eu sei que este é o segredo para eu continuar assim, não parar de trabalhar e
estar ativo. Se tivesse parado de trabalhar, tenho a certeza que já não estava
vivo, parar é morrer”.
Enquanto nos vai contando a sua história, vão entrando
alguns clientes que compram uma peça de fruta ou rebuçados embrulhado em papel
como era a tradição. Enquanto alguns deles fazem contas ao dinheiro, o Sr.
António apressa-se a dizer “senão tiver paga-me depois, não se preocupe”.
Conta-nos que antigamente a relação com os clientes era
diferente, hoje em dia não se criam elos. “Ainda existem aqui algumas pessoas
que eu conheço há muitos anos e tenho alguma relação, mas no geral já não
existe confiança. As pessoas dantes eram mais unidas, hoje não há elos de
ligação, ninguém sabe o nome de ninguém. Os próprios hipermercados estimulam
isso e as pessoas habituam-se”.
António Fonseca sabe bem qual é o segredo para manter a sua
mercearia aberta ao longo de todos estes anos. “A alma deste negócio é a
simpatia. É ela que faz voltar o cliente. Embora as pessoas sejam por vezes mal
educadas, gostam sempre que as tratem bem. Às vezes até somos mal servidos, mas
se formos bem tratados acabamos por voltar. Se nunca nos esquecermos disso,
temos sempre alguns clientes”.
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"O meu segredo é não deixar de trabalhar"
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14:21:00
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